Natal 2008

               Mais uma festa de Natal passada. Em família na parte teórica, pois na prática não foi isso que senti. Esperava que tal como todos os outros anos tivesse uma casa cheia. Uma mesa rodeada de familiares e onde se falasse e contasse histórias de natais anteriores ou até de coisas recentes. Depois de jantar, junto à lareira se partissem os pinhões e se cantasse músicas de Natal. Que se abrissem os presentes e se assistisse às brincadeiras das crianças com os seus novos e bonitos presentes. Os avós com o seu olhar terno percorriam toda a família e beijavam os netos e bisnetos que contentes corriam para os seus colos.

            Pois bem… este Natal não foi assim!

            Um jantar com apenas aqueles que diariamente partilham a casa e a mesa às horas das refeições. A lareira foi dentro de um balde de alumínio. Os pinhões que não tinham um sabor agradável. Os presentes, esses são recebidos com alegria e as crianças brincam cheias de entusiasmo. Os chocolates são o presente mais escolhido por todos. Talvez por ser o mais económico e prático de oferecer, e também parte-se do princípio de que toda a gente gosta. Também recebi bastantes mas estava já tão triste que nem consegui prová-los. E porque estar triste numa noite de Natal? Depois de um campo de férias hospitaleiro, onde recebi e dei tanto afecto, atenção, carinho, ternura, tudo o que é maravilhoso de sentir? Realmente não faz sentido.

             A verdade é que já pensava em como me ia encontrar com aquele que diz já não ser da minha família. Aquele de quem gosto mas ao mesmo tempo tento odiar e ignorar. Pois, ele acaba de chegar. E agora? O que faço? Mudo de sítio? Permaneço aqui? Decidi fixar o meu olhar nos cavacos que arduamente ardem. Não iria ser difícil tornar-me insignificante, afinal já há muito que o sou. Mas desta vez errei. Ele toca-me e aproxima-se para me cumprimentar. Lá tive que encostar o meu rosto quente ao seu gelado, que acabava de chegar da rua.

            Surgem conversas entre alguns familiares. Não são temas interessantes nem tão pouco felizes. Mas assuntos reais, infelizmente. Aquela pessoa criticava a atitude de uma outra, não colocando a mão na sua consciência e apercebendo-se de que comete exactamente o mesmo erro. No entanto, decidi não me pronunciar. Afinal era noite de Natal e não me apetecia estar a criar mais conflitos nem tão pouco mexer nesta ferida que permanece no meu coração. Enfim…

A família separa-se e cada um regressa a sua casa. Eu continuei abatida com toda esta imensa confusão. Dirigi-me também para minha casa. Para o meu aconchego. Talvez na minha cama eu fosse capaz de esquecer tudo isto. Entro no meu quarto, no meu mundo. Acendo um pau de incenso com um perfume que me costuma acalmar. Ligo a aparelhagem para ouvir música e me tentar abstrair de tudo o resto. Deito-me. Aproximo os lençóis e cobertores ao meu corpo como se sentisse um intenso e eterno abraço. Sinto-me embalada por todo aquele ambiente e acabo por adormecer. Quero também que todo este assunto adormeça de vez. Que tudo isto pare de atormentar a minha vida. Que tudo isto não me impeça mais de sorrir. E que eu volte a sentir o verdadeiro significado de estar em FAMÍLIA e amar como tal!

 

                                                        25/12/08

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Sobre mim…

Sobre mim, sobre quem sou, pois quem eu fui pouco importa e o que serei nem eu mesmo sei!

Escreverei sobre as minhas faltas e falhas; sobre o que gosto e amo…

Escreverei como se pintasse o meu próprio retrato com palavras, e desenhasse com as linhas do sentimento.

Escrever sobre mim, é escrever sobre a minha verdade.

Escrever é como se derramasse as minhas alegrias e frustrações diante de mim mesma alternando-me entre o desejo de ser e estar.

Escrever sobre mim, mesmo que ninguém acredite, mesmo quando não há possibilidades, só a inspiração.

Deixa-me escrever sobre mim, e verás a janela da minha alma, entrarás pelos caminhos que ninguém trilhou, desvendarás mistérios, sentimentos e emoções.

Conhecerás o não realizar mais do que realizações e a alegria de poder ser feliz assim!

Mas se és torpe (ignóbil ser). Se és tão egoísta e mesquinho/a a ponto de não te importares com os sentimentos, se fores insensível e não sentes as próprias feridas do teu coração…

Apenas deixa-me! Pois vou escrever sobre mim…

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